com as
belas torres gêmeas do World Trade
Center ao fundo.
Neste dia de hoje, 11 de Setembro,
as redes sociais e a mídia em geral relembram o atentado contra as torres gêmeas
de Nova York. As recordações dos lugares onde moramos ou trabalhamos, ainda que
por certo tempo, ficam registradas em nossa memória, sobretudo as boas
lembranças. As pesquisas mostram que experiências fortes criam os traços da memória positiva, a qual aflora sempre
que é estimulada. Assim foi com o Menino, criado nas Lavras do Funil e nas fazendas à
beira do Rio Grande, de onde traz doces recordações de seus bucólicos cenários,
como a cidade propriamente dita, a belíssima Serra da Bocaina e o próprio rio
com lagoas às margens apinhadas de curimbatãs e dourados que proporcionavam
fartas pescarias. Sua terra, cantada em prosa e verso domina como tema de
crônicas. Também dos ambientes de trabalho desfilam cidades como BH, Ouro Preto e dezenas de outras,
daqueles rincões, incluindo Brumadinho de triste memória de recente desastre
com barragem de rejeitos de minérios. Também a cidade São Carlos, onde cursamos
pós graduação em engenharia e ainda a capital São Paulo, além de vários outros
bonitos lugares paulistas. Não esacapam, ainda, as capitais de todos estados
brasileiros, algumas visitadas dezenas de vezes. Nossa missão era instalar, fiscalizar
e avaliar cursos superiores e faculdades. Inúmeras foram, também, as cidades
visitadas no exterior, em missões oficiais de governo, em todos os paises das
Américas do Sul e do Norte, além de
grande parte do Caribe e América Central. Eram semanas a fio de viagens aéreas
e terrestres, em visitas a universidades e centros de pesquisas agrícolas, onde
estavam nossos professores de ciencias agrárias fazendo treianamento em cursos
de mestrado e doutorado em sua maioria. Na Europa nos concentramos na França e na
A|mérica do Norte nos E.U.A.
O jovem executivo, youppie, percorria
todos os lugares com extremado interesse, de modo a identificar potencialidades
nas instituições visitadas e engajá-las em programas de cooperação com as
universidades brasileiras, ou simplesmente para avaliar o desempenho dos
professores brasileiros nelas matriculados em cursos de PhD. Também era
objetivo das visitas supervisionar os planos e a execução de pesquisas de
interesse nacional, ainda que realizadas fora do país.
Mas, esse não é o foco da conversa
de hoje e sim o trauma do atentado que
destruiu o World Trade Center de Nova York. Como dito na bertura da crônica, nossa
mente armazena as lembraças que nos marcaram e, naquela manhã de terça feira,
11 de setembro de 2001, estávamos em nosso gabinete, no MEC em Brasília, quando
a secretária adentrou a sala, ligou a TV e anunciou a tragédia do ataque a uma
das torres gêmeas, por um grande avião civil, de passageiros. Poucos minutos
depois assistimos, ao vivo o segundo ataque, com outro avião de passageiros,
também um Boeing e desta vez contra a segunda torre de concreto, vidro e aço.
Veio tudo abaixo, um monte de escombros fumegantes, enegrecendo os céus de
Manhattan. Inacreditável! E hoje, com os noticiários do 18º aniversário do
atentado que fez milhares de vítimas fatais e incalculáveis prejuizos finaceiros,
destravou-se e disparou automaticamente o
“drive” do cérebro do menino, relembrando o medo sofrido naquele mesmo prédio a
bordo de um grande helicóptero.
Meu primeiro contato com aquelas
gigantescas torres foi impressionante. Trabalhava na Michigan State University, na
região dos grande lagos e numa das
viagens de cheagada do Brasil a Nova York, usei o serviço de ponte aérea, de
traslado do aeroporto internacional JFK para o
de La Guardia, de
voos domésticos. Dali, embarcaria
para Lansing, a capital de Michigan, ao lado da qual ficava a universidade e o nosso escritório,
suportando ainda duas escalas, Cleveland e Detroit.
O voo de traslado de aeroporto foi
a bordo de um barulhento e grande helicóptero Sykorsky S 69, o
qual nos fazia lembrar daquelas aeronaves de guerra, de transporte de tropas,
pois levava 20 passageiros. Impressionou-nos o pouso de escala
do helicóptero em Manhattan, no heliporto do WTC, onde desceria a maior parte
dos executivos internacionais chegados ao aeroporto Kennedy. Quase entrei em pânico quando olhei para
frente e vi aquele monstruoso edifício se aproximando do nosso helicóptero com certa
velocidade. Este, em voo horizontal, a uns 200 pés de altura, se aproximava
perigosamente das grandes torres, imaginava o menino. Antes que o pânico se
instalasse, a aeronave reduziu a quase zero a velocidade e baixou
verticalmente até o local de pouso, a apenas 50 metros da entrada do edifício.
Impressionante a imagem visualizada subitamente, distraído que estava com o
belo cenário ao redor, dando de cara com aquela enorme massa frontal, sem visão
de largura e altura do prédio. Simplesmente um paredão, pois o campo visual das
pequenas janelas do helicóptero era limitado. Sensação horrível, pois parecia
que a trombada, o choque e explosão seriam iminentes. A decolagem, cinco
minutos após, foi mais interessante, sobrevoando o Rio Hudson e rapidamente
pousando em Newark/N. Jersey e depois em La Guardia, com belíssima vista da
cidade e do rio Hudson que, aliás, foi cenário de outro desastre, em 2009,
quando um jato de passageiros fez um pouso de emergência. Tempos depois, num
final de semana, como que para apagar a péssima lembrança daquele pouso
assustador, fui até o topo das torres gêmeas apreciar a magnífica vista da
cidade, visitando em seguida, também a estátua da Liberdade.
Assim,
as marcas no subconsciente, daqueles belíssimos cenários da cidade de Nova
York, ficaram gravadas para sempre, incluindo o susto da suposta colisão a
bordo do helicóptero. Por isso, o choque do menino, naquela manhã de 11 de
setembro de 2001, foi paralisante. Ver uma das torres já em chamas e de
repente, ao vivo, o segundo avião colidindo frontalmente com a outra torre,
disparou a pior sensação de pavor que se pode ter. De imediato o subconsciente,
provocado pela nova imagem, trouxe à mente a cena apavorante da suposta colisão do
helicóptero no qual se encontrava a bordo, 24 anos antes. Agora estavam ali, ambos os enormes prédios, ao vivo e a cores, na TV, sendo consumidos pelas chamas decorrentes da
explosão de toneladas de combustível das aeronaves atiradas contra suas
estruturas. Cheguei em casa, busquei as fotos daqueles anos dourados em que o
menino por lá trabalhava, com o garbo de um verdadeiro Yuppie. Triste, naquele
dia, não voltou ao trabalho, tamanho o choque emocional, tanto pelas
recordações ali materializadas em fotos pessoais, e mimos de decoração no escritório
doméstico, bem como das lembranças do grande susto que ali passara. Inúmeros foram os mortos naquela tragédia do
11 de setembro de 2001 e os meios de comunicação aí estão a nos exibir, desde
ontem, aquelas terríveis cenas.
Sou
grato a Deus, pois num espaço de apenas um ano, saí ileso de dois acidentes
aéreos nos EUA, um incêndio a bordo e quase num mergulho pousou a tempo em Las
Vegas, desviando-se da rota Chicago/S. Francisco. Outro, logo na decolagem de
Washington-DC com pane hidráulica nos comandos, despejou o combustível no
oceano e conseguiu aterrissar em Dulles, próximo ao QG da CIA, na Virgínia, com
sua pista de mais de 4.000 metros, espuma anti-fogo e tela de aço na cabeceira
para segurar o grande jato B727-200. Sorte dupla para quem percorreu aquele
país de costa a costa e de norte a sul, em visitas a mais de 20 universidades. Um
terceiro e mais grave acidente aéreo aconteceu em Belo Horizonte, quando um
Boeing despencou ao aterrissar em Confins, partindo-se em pedaços, derramando
todo o combustível sem que tivesse havido explosão, tão comum em acidentes com
aviões. Também nesse acidente, o menino saiu quase ileso, com apenas um ferimento leve.
Assim é a vida, com fé, determinação e
perseverança conseguimos cumprir nossa missão. Resta-nos, como já dito,
agradecer a Deus e pedir conforto aos familiares daqueles que não tiveram a
mesma sorte, especialmente daquelas quase três mil vidas que sucumbiram no desastre
de 11 de Setembro de 2001.
Brasília,
11 de setembro de 2019
Paulo
das Lavras
Chegando
a Staten Island- Estátua da Liberdade
Newark-NJ traslado entre
aeroportos -1977
14 de Nov 1977 – o Boeing 727-200,
U.A, decolando do National Airport Washington DC
Pane hidraulica, retorno para
Dulles International Airport/V.A, com espuma na pista e tela de aço no final.
S. Francisco / Cal – Universidades de Berkeley e
Davis
Georgia State University – Brasileiros
em cursos de PhD - nov 1977
Universidade da Flórida/Gainesville - 1977. À direita Profª
Bete Cheng/ ESAL-UFLA
University of Wisconsin- Madison
Mnifestação de estudante Iranianos contra o Xá Rheza Pahlev
em frente a nosso escritório na MSU - East Lansing - MI maio 1978
Biblioteca do Congresso Nacional - 1977
No
prédio do escritório do MSU-MEC/Brazil
East Lansing-Mi – mai 78
Chegando à Staten Island- Estátua da Liberdade
WTC em chamas - 11 de Setembro de 2001
outro jato, minutos após, atingindo a Torre 2
15 /01/ 2009 – um jato fez pouso de emergência no Rio Hudson
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