Revoltante a declaração do Sr Fabio Schvartsman,
presidente da empresa de mineração, Vale, uma das maiores do mundo. Disse
aquele senhor, com referencia ao desastre de Brumadinho: “a mineradora é uma
"joia brasileira" que não pode ser condenada pelo rompimento da
barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho”. E o insulto não parou por
aí, pois referiu-se ao desastre como “acidente” e foi o único a não se levantar
durante o minuto de silêncio em respeito aos mortos na tragédia provocada pela
empresa que dirige. Desrespeito em dobro!
Como se vê, o foco dessa empresa é puramente econômico, o
lucro fácil em detrimento da segurança do trabalhador. Não à toa o presidente
da empresa é graduado em ciências contábeis e tinha como objetivo recuperar as
finanças da empresa. O social, os trabalhadores, suas famílias, as pessoas ali
residentes que se danem à própria sorte. E, infelizmente não tiveram sorte.
Tiveram o azar de se defrontar com uma cadeia de corrupção, a começar pela
nomeação daquele presidente, escolhido a dedo por um político, Aécio Neves,
denunciado em delação de outro corruptor, Joesley Batista, segundo informaram
os jornais FSP e o Globo , de maio de 2017 e, segundo os quais, em troca o
politico teria pedido dois milhões de reais. O segundo azar é atual, trata-se,
segundo o MP, da corrupção de funcionários, engenheiros e dirigentes da Vale
que, conhecendo os riscos de rompimento da barragem, nada fizeram. Alguns
desses indiciados estão presos e esperamos que se apurem os fatos e se
comprovada a culpa, a prevaricação, que sejam condenados.
Nada valem os mais de trezentos mortos, o dinheiro, o
lucro da “joia brasileira” Vale mais. Até agora foram resgatados 180 corpos,
restando ainda outros 141 desaparecidos, soterrados pela lama. Isto sem contar
os inúmeros desabrigados ou prejudicados e
m seus negócios na cidade e no campo.
Pior ainda, o Ministério Publico apreendeu documentos e mandou prender
funcionários supostamente coniventes com a situação, pois ao que se apurou pelo
MP, a empresa sabia que a barragem de rejeito e tantas outras estavam sob risco
de rompimento.
Diante de tamanha revolta resta-nos o
consolo das boas ações que nos tocam profundamente. Refiro-me às ações dos
bombeiros no resgate das vítimas, dos voluntários que assistem às famílias e
tantas outras formas de ajuda, inclusive de países amigos. Essas tragédias nos
colocam diante da dor dos familiares que perderam seus entes queridos e todos
os bens materiais. Aliás, foi comovente ver as pessoas chorarem as perdas
humanas e o pouco que tinham, uma pequena casa, roupas, cama, fogão e geladeira
e, às vezes, nem esta ultima. Não porque as tivessem salvo da lama, mas
simplesmente porque não a possuíam em sua humilde casa.
Assim tem sido nesses últimos dias e nossa fé
e esperança tem se reforçado nessas pessoas que, de maneira corajosa,
desprendida e espírito guerreiro, demonstram toda sua coragem e amor ao
próximo. E tem coisa mais marcante para expressar isso que as imagens dos
bombeiros extenuados pela dura luta no resgate das vítimas, unicamente para dar
o conforto às famílias, devolvendo-lhes os entes queridos, vivos ou mortos. E
ainda há pouco, assistimos as cenas chocantes daquela mulher, em desespero,
arrombando a porta do caminhão atingido pela queda do helicóptero que vitimou
um famoso jornalista e o piloto da própria aeronave e, sozinha retirou o motorista preso às ferragens, salvando-lhe a
vida. Só mesmo ações como essas, de puro amor ao próximo, para nos fazerem superar
o trauma da canalhice, da corrupção, ganancia que mata, ceifa vidas de
inocentes... Sim, a coragem o amor ao próximo de pessoas que, felizmente são
maioria, nos reconfortam e não deixam morrer nossas esperanças de um mundo
melhor.
Amém!
Brasília, 17 de fevereiro de 2019
Paulo das Lavras
Bombeiros
exaustos, no resgate das vitimas da lama de
Brumadinho, descançam para reiniciar as buscas.
. Foto:
Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Leiliane,
assistiu de perto a queda do helicóptero. Saltou da moto e correu para
salvar o
motorista do caminhão atingido. Coragem, bravura e amor ao próximo.
Foto: internet
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