Em
minhas sete décadas de vida, cinco das quais enfrentando eleições obrigatórias (não temos a mesma sorte que os
cidadãos americanos, onde o ato de votar é opcional),
nunca passei por eleição tão tensa como essa de 2018. A polarização dos candidatos trouxe uma
instabilidade emocional sem precedentes para o pacato cidadão brasileiro que,
pela primeira vez, engajou-se de corpo e alma entre dois extremos. Assisti, ou
melhor, acompanhei discussões homéricas entre amigos ou apenas conhecidos pelas
redes sociais. Nem acreditei que dois deles romperam a amizade de longos anos.
Deixaram as coisas comuns, que os aproximavam e os uniam desde os tempos de
infância, como o gosto pelos estudos no colégio, a musica de rock dos dos anos 60, incluindo Beatles e Rollings
Stones ou mesmo dos mais modernos Maroon 5,
Bruno Mars, Adele ou Taylor Swift. Deixaram tudo mesmo, por causa de
outra faceta que ambos não conheciam, mutuamente.
As
acusações foram recíprocas aos respectivos políticos ou partidos de preferencia.
Fascista e corrupto eram qualificativos mais suaves que, os até então amigos, apontavam
direta ou indiretamente. Ora, ora..., que coisa mais idiota e estúpida. Colocar
tudo a perder por causa de ideias de candidatos políticos, com acusações nem sempre
diretamente imputadas aos protagonistas, mas a seus seguidores ou tutores, como
no caso de corruptos da Lava-jato que disparam ordens de dentro do presídio? Ou
de outro que elogia supostos torturadores? Sandice! Seria também, o amigo, corrupto ou
fascista? Por que não dar a ele, o amigo, uma chance, digamos, pós-eleições ou
após seis meses ou um ano de governo daquele politico que vier a ser eleito?
Mas,
há casos de sandices extremadas de alguns. Já faz um ano que um amigo replicou outro
velho amigo, que veio com essa história de candidato ou juiz fascista,
afirmando, ainda, que aquele
ex-presidente condenado pelo juiz Moro, não merecia ser preso. Assim,disparou
virulenta campanha de fora Temer e numa de suas postagens protestava e desejava
a morte do presidente em exercício e também a do juiz Moro, “por
ter condenado um inocente”. Por um raciocínio
torto, canhestro, ele afirmava que “havia
crimes maiores e outros ladrões de colarinho branco, da elite da direita, que
não são investigados nem julgados....”. Por isso, na sua ótica, não
deveria, aquele corrupto, ser condenado. Ora, mas que raciocínio torto,
totalmente equivocado, como se um crime justificasse outro.
Pois
bem, confiado na antiga amizade, o incauto amigo postou um comentário bem
suave, apoiando o fora temer, mas discordando da aura na cabeça daquele outro
politico corrupto, condenado e seu preferido. E ainda, ao final, credulamente
disse-lhe: “queira-me bem.” . Ele não
imaginava que, com aquele leve comentário, pudesse despertar tanta fúria, ira
do fanático admirador do condenado politico. Amizade? Direito de expressão em
termos polidos? Ah..., a resposta foi fulminante e grosseira, antes de tudo: “ ... se você não gosta do meu politico
preferido, não escreva isso em minha
time-line. Fique quieto. Recolha-se à sua ideologia. Deixe a minha em paz”. Foi
difícil acreditar, confessou-me o amigo atingido.
Melhor
se afastar de gente fanática, grosseira, que grita e dá ordens:... “fique quieto, recolha-se à sua
ideologia” (se o outro
fosse também um ideológico poderia também lhe chamar de fascista, autoritário,
egoísta?...rsrs). Talvez aquela ordem verbal,
vociferada pelo fanático da ideologia política, devesse ser revertida a
si próprio. Ora, ora, ninguém gosta de receber ordens, ainda mais de
presunçosos fanáticos de ideologias ultrapassadas e condenadas no mundo inteiro.
Portanto, Fora (suposto) Amigo! Houve erro de avalição no grau de amizade e
polidez (inexistente). O amigo se enganou, penitenciou-se consigo mesmo e
corrigiu o erro imediatamente. Voltou à pagina do suposto e grosseiro amigo.
Arrependido, deletou todos os seus comentários ao longo de todo o período em
que foram amigos na rede social e em seguida o bloqueou para sempre.
Melhor
acercar-se de quem se importa e que acrescente algo de verdadeiro à vida. Isto
é mais que saudável. Basta ignorar, com arte e elegância aqueles que nos
agridem. Não há porque dar importância a quem não merece. Sigamos em paz, longe
de quem carrega e dissemina ódio. É a melhor solução! Principalmente em época
de eleições polarizadas. E nessas eleições aprendemos algumas lições. A
primeira e mais importante, foi a perda do protagonismo da mídia nas campanhas
eleitorais. Não tem mais o jornal influente e rede de TV (aquele grande jornal,
que falha em S. Paulo e a maior rede de TV p.ex.), pois, de certa forma perderam credibilidade junto ao
cidadão.
A
segunda lição foi a redução dos custos de campanha. Agora as mobilizações de
passeatas, comícios e outras, são feitas via redes sociais. Tudo é feito nelas.
Mais barato e cômodo, tanto para o candidato que não precisa de se deslocar,
gastar tanto dinheiro e também é superconfortável para o eleitor que tudo faz,
tudo vê pelos smartfones ou computadores em casa, no trabalho ou no trânsito das
ruas. A terceira grande lição foi que o
eleitor está mais antenado, ligado. Derrubou, mandou para casa, aqueles
políticos antigos que faziam da política o seu balcão de negócios, onde a
corrupção era o carro chefe.
Tomara
que esse pesadelo eleitoral, com postagens hostis, termine de vez no próximo
domingo! E essa hostilidade que se traduz em elevados índices de rejeição de
ambos os candidatos (em tono de 45%), decorre desse ambiente polarizado,
antagônico e até mesmo pela falta de propostas concretas de políticas em prol
do povo. Este está cansado de tanta corrupção e violência contra o cidadão. E
nesse contexto, é de se esperar que, passadas as eleições, possamos seguir em
paz e as amizades voltem à normalidade. Odeio politicagem, mas reconheço que
precisamos votar e escolher o “menos pior”!
Boa
sorte no seu voto, com a esperança de que, até o próximo Natal, tenhamos a reaproximação
dos amigos chamuscados que “se estranharam” nessas eleições. Faltam só quatro
dias....
Brasília,
24 de outubro de 2018
Paulo
das Lavras
Nunca passei, nas últimas cinco décadas, por eleição tão tensa como essa de 2018.
A polarização dos candidatos trouxe uma
instabilidade emocional sem
precedentes para
o pacato cidadão brasileiro
Foto: internet