Era o dia 18 de dezembro de 1967,
uma segunda feira, exatamente como hoje e também sem chuva, uma exceção para aquela época do ano, chuvosa na região
montanhosa do sul de Minas. Naquele dia o Salão Nobre, Lane-Morton, do
Instituto Presbiteriano Gammon, estava engalanado para sua festa maior: A colação
de grau da turma de Engenheiros Agrônomos da velha ESAL, hoje Universidade
Federal de Lavras – UFLA. Era o único curso superior da cidade, por isso a
importância do evento que culminava com “o Baile”, no Clube de Lavras.
Para
o Menino das Lavras foi mais que uma vitória. Cinco anos antes assitira à
formtura de alguns amigos e foi ao famoso baile da Esal. Ali, no bar do Filipe,
situado no subsolo do mesmo prédio do clube, na declivosa Rua Raul Soares,
presenciou a festa particular de alguns formandos que brindavam seus uísques,
vinhos e cervejas, um pouco antes do inicio do baile oficial. Dentre eles os
amigos e futuros colegas de magistério, Arnoldo
Junqueira Neto, David de Souza Andrade, Jair Vieira, vizinho da rua Otacílio
Negrão, esquina com Progresso e mais Luiz Henrique de Aquino, Marcelo Adhemar
de Andrade Carvalho, Sarasvate Hostalácio, além de outro amigo da familia,
Washington Cornélio, irmão da coleguinha de grupo escolar, Alba Divino Cornélio.
O menino tinha muitas razões para aceitar o convite e comparecer ao baile de
formatura, mas, sequer imaginava que, menos de dez anos depois, se tornaria
colega daqueles seis formandos, como professores na própria instituição que o
graduaria mais tarde. Mas, ali, naquele bar anexo ao clube, assistiu a vários
brindes, sempre brindando a alegria e o futuro promissor da carreira de
Engenheiro Agrônomo. Tão promissora e lastreada na fama de uma Escola que
formava profissionais, havia mais de 50 anos, dentro da filosofia do Land Grant
College. Estes, antes mesmo da formatura já estavam todos, empregados nos órgão
de fomento e extensão rural mantidos pelos governos federal e estaduais. Era o
sonho da garotada lavrense, passar no vestibular e formar-se na Esal.
Ali, no bar do Filipe, circulando
por entre as mesas repletas de formandos em traje de gala, o menino sonhava
também ser um daqueles em futuro próximo. Para tanto, vinha cumprindo a
promessa que fizera a si mesmo: estudar com afinco para passar no vestibular. E
assim fez, pois para chegar lá, o menino
teve que ralarr muito, abdicando até mesmo do lazer. Todas as horas eram
preciosas. Associou-se ao colega Fernando Santa Cecília e durante todo o ano de
1963, estudaram juntos, seis horas ao dia, após as aulas normais do 3º ano do
curso científico do Colégio Aparecida. E o local de estudos, na casa do colega,
ficava quase defronte ao Clube de Lavras, logo ali, do outro lado da rua, no
sobrado do Banco de Crédito Real, onde seu pai, Sr. Clélio Santa Cecília era o gerente.
Bons tempos aqueles quando éramos tratados como se filho fôssemos, recebendo
toda a atenção de Dona Elisa, Sr Clélio e de toda família.
O program de estudos contemplava,
diariamente, a matemática, química, física e bilogia, com as matérias
acumuladas dos três anos do curso colegial. Tínhamos bons livros.
Particularmente o menino gostava de matemática e até conseguiu um novo livro,
de autoria do Prof. Bezerra, da Universidade do Paraná. Nesse exemplar havia uma
questão de geometria que nenhum outro livro trazia e a sorte ajudou o menino.
Na prova oral do vestibular (sim, havia prova oral no vestibular, no quadro
negro, ao vivo, resolvendo questões/problemas bem de frente ao professor),
tirou o ponto sorteado nº 17, cujo problema era exatamente aquele estudados e
aprendido no volumoso livro de capa laranja do Prof Bezerra. Resultado nota 10
em matemática. Mas, o resultado geral do vestibular da Esal recém federalizada
não poderia ter sido melhor para o menino que se dedicara com afinco:logrou
êxito em primeiro lugar no primeiro vestibular da Esal federalizada apenas 15
dias antes (Lei 4.307, de 23/12/1963). Passar
no vestibular já seria uma vitória. Passar em primeiro lugar e ainda como
brinde ser dispensado de pagar as pesadas mensalidades, foi a glória das
glórias. Também o colega Fernando foi aprovado nos primeiros lugares. Assim, a formatura
já tinha data marcada: dezembro de 1967. E assim se cumpriu!
E hoje, 18 de dezembro de 2017, 50
anos depois, parei para refletir, relembrar aquele belo dia em que comecei a
vida profissional. Colhi, portanto, a recompensa do esforço dispendido durante
os anos e anos de estudos e dedicação planejada para o aprendizado.
O sucesso não vem por acaso,
seja na vida estudantil ou profissional. É produto de trabalho e dedicação.
Mas, tem também os componentes família e professores. E ponha professor nisso,
a começar pelo nosso paraninfo. Mas essa é outra história a ser contada em
livro. Celebrar as bodas de ouro, de formatura foi outro evento marcante.
Conseguimos reunir grande maioria dos colegas. De trinta formandos, cinco já nos deixaram. Vinte um compareceram
para três de festas e comemorações na Universidade Federal de Lavras. Valeu!. Faria
tudo novamente, do mesmo jeito, os sonhos, os estudos intermináveis, os
colegas, a vida profissional, a família. Assim é a vida, cheia de momentos que
ficam gravados para sempre.
Brasília, 18 de dezembro de 2017
Paulo das Lavras
Os 30
colegas que se formaram em 18/12/1967, pela antiga Escola Superior de
Agricultura e Lavras, que foi federalizada em 1963 e transformada em
Universidade Federal de Lavras em 1994.
O
pórtico de entrada da hoje centenária Escola Superior de Agricultura de Lavras-
ESAL.
Durate
quatro anos o Menino passou de duas a quatro vezes ao dia sob o mesmo, sempre
com alegria,
renovada a cada vez, na busca do saber para um dia tornar-se profissional
O Jornal
acadêmico, O Agrário, saudou os novos calouos, do primeiro vestibular
da recém feralizada ESAL
Para
constar naquela lista de aprovados, conforme noticiado pelo jornal,
tivemos que estudar muito, naquele quarto da
janela à direita, na casa do colega
Fernado
Santa Cecília. No térreo funcionava o Banco de Credito Real, onde
seu pai,
Sr. Clélio, era o gerente.
O famoso
Jeep azul da Esal, dirigido por Guaracy Vieira.
Gilda
Salvatori e Julio Cesar Romeiro à direita, o redator de O Agrário,
que nos
deu as boas vindas na reportagem acima.
Foto de
1958, no antigo auditório do predio Odilon Braga. Muitos foram nossos
professores a partir de 1964: Paulo de Souza, José Otávio casca, Alcebíades
Cartaxo, e Weber Almeida sentado à direita. Em pé, o terceiro da esquerda para
a direita é Eduardo King Carr, seguindo-se Jaziel Rezende, Tancredo Weguelin Paranaguá,
Marcelo Penido, (Clidenor Galvão??) e Edmir Sá Santos.
O prédio
Alvaro Botelho, em foto de 2012, quando da restauração da praça.
Sentado,
o prof. Alfredão. Paulo Roberto, ao centro, de calça branca,
conversando
com
duas senhoras.
A sede
do Centro Acadêmico de Agronomia, no campus Histórico da Esal/Ufla
A turma
em excursão à Brasília - maio de 1966. E o Menino, 4º, em pé,
da esquerda
para direita, sequer sonhava que um dia se mudaria para Brasília.
Muitos até
procuravam o Ministério da Agricultura, o que era natural, pois se
formariam
em Agronomia. Mas, trabalhar no Ministério
da Educação, nem pensar.... ,
muito menos como dirigente do Ensino Agrícola
Superior. Pois, exatos nove
anos depois lá estava, no MEC.
E aí
está o nosso querido paraninfo, Prof. Paulo de Souza, ao lado do
prof.
Fernando/UFV, em minha casa, no ano de 1979
Paulo de Souza, com João Marcio, Nilda, Miriam e
Paulo Roberto, em minha casa, Brasília, dez/1979
Alguns dos colegas: José Maria de Oliveira, Paulo
Roberto; Antônio Ernesto Coelho.
João Júlio dos Santos/Perdões; Roberto Thadeu
Mendes/Ibiá e
Gilvan de Souza/Lavras
Valsa dos formandos, com a irmã Dilma de Abreu.
Atrás, à esquerda, Milton Moreira
O pé de valsa com a filha, num outro baile, muito
tempo depois.
50 anos depois da formatura recebendo o diploma do
Jubileu de Ouro
Com a única colega da turma de 30 estudantes. A
mesma alegria de 50 anos atrás
Sessão solene da entrega do diploma de Jubileu de
Ouro
Festa de confraternização
Com o anfitrião, colega Gilnei e esposa, Solange
O colega Fernando e esposa, Brenda, companheiro de
estudos diários, de segunda a sábado,
sete horas de estudos. além das cinco horas do curso
colegial. Vestibular à vista....
Jantar e baile do Jubileu de Ouro
Gilson não pôde comparecer, por razões de saúde,
mas, em casa,
vestiu a
camisa do jubileu até nos netinhos. O amor, construído
nos longos anos de faculdade, permanece para sempre.
Na foto, é Clidenor Galvão mesmo. Meu pai.
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