O
noticiário de hoje traz uma história engraçada com final feliz. O jovem
professor ganense, Emannuel Akomany pediu uma passagem aérea para Guyana e
chegou a Goiânia. Só se deu conta do colossal equívoco ao dizer o endereço da
universidade da Guyana ao motorista de taxi, ainda no aeroporto de Goiânia. Sem
dinheiro bastante para nova passagem aérea, contou com a ajuda de uma caridosa
senhora que lhe deu abrigo em casa. Diante da repercussão do caso a agencia de
turismo que lhe vendeu a passagem, reconheceu o erro da atendente que confundiu
a pronuncia do passageiro de língua inglesa e concedeu-lhe outra passagem para
o destino desejado.
Algumas
pessoas levantaram suspeitas, afirmando que há diferença enorme de preço
da passagem e até mesmo nos procedimentos de embarque. Por isso, acham muito
pouco provável que o passageiro não tenha percebido antes de chegar a Goiânia. Controvérsias
à parte, afirmo que isso é muito possível e provável, pois a pronúncia em outro
idioma é um fator de peso. Fez-me lembrar de situação parecida ocorrida comigo
nos Estados Unidos. Em novembro de 1988 o Departamento de Estado
Norte-Americano convidou-nos para uma reunião internacional de avaliação dos
programas educacionais de nível superior da USAID em todo o mundo e lá
compareci, representando o Governo brasileiro, de 02 a 08 de outubro de 1988,
no Hyatt Regency Hotel, em Reston-VA. Embarquei no taxi, no aeroporto National
da capital americana e ordenei ao motorista.
“Reston, please...” Este,
virou-se para trás e simplesmente disse-me que não sabia... Estranhei, mas completei
que ficava a 20 milhas, no estado da Virgínia, bem ali ao lado da capital e que
o taxímetro marcaria ao final US$30. Novamente ele respondeu “Sorry,
Sir, but I don´t know where is it”. Ok,
deixe-me checar o voucher do hotel. Olhei, confirmado, era mesmo Reston. Passei-lhe
a fatura com o nome e endereço do hotel. E aí veio a surpresa..., ele disse,
quase gargalhando... “Oohh... it´s
Reston, not Heston” e tornou a pronunciar aquele nome com a língua tremulando
entre os dentes tal qual um guizo de cascavel... reeeeeeeeee..ston..., mostrando que a pronuncia era como o erre de
caro e não de carro. Foi então que lembrei-me que em inglês a pronúncia de duplo erre (rr)
equivale ao agá (h) inicial, como em Charlton Heston... Mas quem, em nosso
idioma, iria ler reeeeeeee...ston e
não “rreston”?
E
o motorista, muito simpático tinha razão... Reston é Reston e Heston é Heston. O
professor brasileiro que acabara de desembarcar na terra do Tio Sam estava
equivocado, assim como o outro professor ganês que deve ter pronunciado “Goiana”
e não Guiana, a ponto da atendente lhe mandar para onde não queria. Final feliz
para ele e também para mim, pois o simpático taxi-driver se encantou com as
histórias do Brasil e depois nos prestou mais serviços em passeios pela capital
americana.
São
histórias de viajantes em terras de idiomas estranhos e que às vezes levam a
cometer equívocos. Há outro caso bem interessante que presenciei, quando um amigo
de um reitor em viagem pela Alemanha, teve que usar uma artimanha para tomar
banho. Não tinha moedas de marco alemão para destravar e abrir a porta do
banheiro. Mas esta fica para a próxima.
Brasília,
24 de fevereiro de 2015
Paulo
das Lavras
Emannuel
Akomany, o professor ganês que queria ir para a Universidade na Guiana e não
Goiânia
Decolando
do aeroporto National de Washington. Capitólio ao centro da foto e
rio
Potomac com marinas, bem na cabeceira do aeroporto.
No
Departamento de Estado, após reunião em Reston, que não se pronuncia com dois
erres
Aproveitando
o equívoco e convocando novamente o motorista para um passeio