A Associação dos Engenheiros
Agrônomos - AEADF se fez representar nesse evento pelo seu Diretor Secretário,
Eng. Agr. Prof. Paulo Roberto da Silva. Também presente a Presidente do
CREA-DF, Eng. Fátima Có e a Eng. Agrª Marjorie Stemler, diretora da Globba
Soluções Corporativas e membro do Conselho Fiscal da AEADF. A programação do Roadshow- IFS foi a seguinte:
-Abertura - Fátima Có - Presidente
do CREA-DF
-Novidades IFS e Previsão para
IFS Food 8 - Caroline Nowak - IFS (International Featured
Standards)
-Case IFS: Dificuldades e
gargalos de um processo de certificação - Keila Bisinoto - Linea
Alimentos
-Abordagem comparativa:
Legislações Sanitárias e a Certificação das Indústrias de
Alimentos Madalena Maria S.
Coelho - DIPOVA/SEAGRI
- A importância das embalagens
para a segurança dos alimentos - Irene Popper - IFS
- Fiscalização da propaganda de
alimentos/Panorama sobre as regras de propaganda sob a
perspectiva
sanitária - Renata de Araujo Ferreira - ANVISA
-Programa de Gestão de
Fornecedores - Milena Fernandes - QIMA/WQS
-A importância da Análise
de Pesticidas em Alimentos - Fernanda Juliano - Eurofins
- Requisitos da Política de
Recursos Hídricos para a Gestão da Água na Indústria Alimentícia Gustavo Antônio Carneiro - ADASA
-Mesa Redonda - As legislações
sanitárias frente a aplicação das normas IFS -
IFS/ANVISA/ADASA/SEAGRI
No contexto da
Segurança Alimentar, propusemos em nome da AEA-DF, a formação de um grupo de
trabalho para levantamento das normas existentes, atualizá-las e incluir propostas
com novas diretrizes regulatórias da Qualidade da Produção Agrícola, lembrando
que os produtos que chegam ao mercado, especialmente os de origem de pequenos
produtores, nem sempre atendem aos requisitos necessários. Citamos, por
exemplo, um caso simples que comumente ocorre no mercado de frutas e legumes: a
colheita precoce. Isto afeta a qualidade dos produtos, pois são colhidos
muito antes de se atingir o ponto ideal de “grana”. Os frutos colhidos
prematuramente perdem qualidade e têm pouca massa, menor concentração de
açucares, tornando-os insípidos e sem as demais características organolépticas
desejáveis de cor, brilho, transparência, textura, odor e sabor. São comuns os casos de
bananas, manga, uva, pêssego, figo, abacaxi (bem azedo e polpa com pouco suco)
e outras frutas que, adquiridas nos supermercados e frutarias, levadas para a
casa nunca conseguem chegar ao ponto “maduro”. Tendo saído da câmara fria dos
Ceasas ou supermercados, os frutos entram em decomposição acentuada e em apenas
três ou quatro dias enrugam a casca e fermentam, tornando-se impróprios para o
consumo. Alguém volta ao supermercado para reclamar da fruta perdida? Não! Prejuízo
certo, com descarte imediato e sensação
de ter sido enganado e ainda ter deixado de consumir a fruta preferida.
A venda de frutos extremante verdes é comum porque os comerciantes atacadistas querem
ganhar tempo antes da fruta amadurecer e assim evitar perdas imediatas. Passam
dias e dias na estrada sob lona e sol. A
banana, manga e abacaxi são os casos mais comuns em Brasília. Veja a foto a
seguir, banana comprada em supermercado e exibida no roadshow.
A imagem fala
mais que tudo - magra, mirrada, sem massa e vai apodrecer em três ou quatro
dias fora da câmara fria do supermercado e bem ali na sua fruteira da cozinha. Faltou um engenheiro agrônomo nessa cadeia de
comercialização. Por que as CEASAs
aceitam tais produtos, mesmo tendo profissionais engenheiros agrônomos em seus
quadros? Só mesmo um estudo propositivo poderá trazer indicações para sanar tais
falhas. O Engenheiro Agrônomo é o único
profissional que estuda a fundo a Fisiologia Vegetal, para melhor produzir e sobretudo a Fisiologia de Pós-colheita, de
modo a garantir a plena qualidade dos frutos. Ele sabe gerenciar desde a
escolha da semente para a semeadura, o solo, uso de fertilizantes, água de
qualidade para a irrigação, produtos fitossanitários menos ofensivos e na
dosagem certa (isto é matéria regulamentada e somente profissionais habilitados
podem prescrever em receituários agronômicos, com os devidos cuidados). O
gerenciamento da produção, pelo profissional habilitado, passa ainda pelos
demais tratos culturais e a colheita
na época certa, além dos cuidados no armazenamento e embalagem. Todos esses
fatores têm influência no sabor, consistência e qualidade da polpa, sem se
esquecer que o uso indevido de agrotóxicos causam males irreversíveis à saúde.
Tecnologia agrícola, quando bem aplicada, é sinônimo de Qualidade do Fruto in
natura. Tecnologia à serviço dos
consumidores, desde a seleção de sementes e do solo à colheita, embalagem e entrega ao
consumidor. Aliás, gerentes de frutarias e supermercados já me conhecem por
aqui, pois, sempre que me deparo com aquelas bananas cheias de quinas,
pergunto-lhes: se levar as bananas, ganho lixas? Lixas, como assim? Para lixar
as quinas das bananas de modo que suas quinas não cortem minhas mãos...
Nossa
proposta, de criação de um grupo de trabalho para estudar a questão, foi bem
aceita no sentido de que devemos buscar parcerias com os órgãos envolvidos,
Ministério da Agricultura, Secretaria de Agricultura, Anvisa (há plantas
medicinais), ADASA (qualidade da água para irrigação e outorgas), OAB e outros
como empresas certificadoras e universidades para o desenvolvimento de
pesquisas de campo. O escopo seria criar um rol de normas regulatórias que
garantam não somente as qualidades
químicas e biológicas para os alimentos, pois já existem muitas normas
regulatórias para os semi-processados e processados e com elevados padrões de
exigência. Assim, por outro lado, temos que criar e estabelecer normas para o
respeito às qualidades organolépticas, o ciclo fisiológico da planta que é
extremamente variável entre as diversas espécies e condições climáticas, incluindo-se
o período de maturação e o ponto ideal de colheita. Nesse sentido,
representantes da OAB, do Ministério da Agricultura e ADASA já nos contactaram
durante o evento e estão dispostos a integrar nesse projeto que ora se descortina.
Concluímos,
portanto, que essa importante área de atuação da Agronomia deva ser, de fato, implementada
pela AEA-DF, promovendo a união e compartilhamento de ações entre todos os órgãos
envolvidos, públicos e privados.
Brasília, 23 de março de 2023
Eng. Agr. Paulo Roberto da Silva
Secretário
- AEADF