O
que é ser um verdadeiro professor? Bastaria ensinar aos alunos para ser um bom
professor? Não apenas isto e as primeiras questões que surgem são: qual a
metodologia que o professor utiliza? Ele gosta de ensinar e está qualificado
para essa nobre função de educador? Começa aí a discussão e as preferencias de
cada um. Sempre achei que o bom
professor é aquele que, primeiramente, gosta da profissão, tem prazer em
ensinar e está sempre aberto às perguntas e tem empatia com seus alunos. Depois
vem a sua qualificação, o que é facilmente identificável pelos próprios alunos,
tanto pelas respostas e incentivos no dia a dia, como também por uma visita à
sua biblioteca particular, pois os bons professores sempre prezam suas coleções
de livros, revistas especializadas, suas próprias pesquisas científicas ou
simples enquetes, grupos de discussões virtuais, tão comuns hoje em dia, enfim todo
o arsenal que contribua para deixa-lo na vanguarda da guerra do conhecimento. Esses
eram meus critérios, quando estudante, para eleger o bom e o melhor professor
que tive. Dentre eles destaco aqueles que já se foram, mas deixaram imensurável
legado que beneficiou a milhares de profissionais que um dia foram seus alunos:
Roussaulière Mattos, Nelson Werlang, Paulo de Souza e Alfredo Scheid Lopes.
Mas,
além da citação dos saudosos mestres que tanto nos incentivaram e com extremado
amor ao Ensino/Aprendizagem, a ponto de nos influenciar a também nos tornarmos em
professor universitário e trabalhar com a Educação durante 50 (cinquenta) anos,
trinta e cinco dos quais no Ministério da Educação, em Brasília, vamos falar de
algumas características genéricas e especificas da boa docência. Em primeiro
lugar está a abordagem educacional, que deve proporcionar oportunidade de
aprendizagem concreta. Para tanto, o professor terá que encorajar a curiosidade
do aluno, a experimentação, o prazer da descoberta, o compartilhamento e o
multiculturalismo com inter-relações pessoais, incluindo-se os intercâmbios
internacionais. Somente assim o aluno, sem medo de perguntar ou errar e sabendo
que terá de interagir com seus pares (como manda o figurino no mundo do
trabalho), se sentirá incentivado a dar asas à sua imaginação, desenvolvendo
raciocínio crítico e criativo, tendo, ainda, a compreensão de que um eventual
erro faz parte do processo da aprendizagem. O aluno aprenderá, portanto, a
assumir riscos intelectuais, adquirindo verdadeira paixão pelo aprendizado, com
maiores chances de torna-lo bem sucedido, fazendo assim grande diferença na sua
vida e na profissão. Não à toa, como professor de engenharia, nunca apliquei
uma prova de questões fechadas com respostas “certo/errado”. Provas e exames sempre
foram aplicados com estudos de caso, preferencialmente em grupos de cinco
alunos, com consulta aberta a livros, anotações ou à internet. Trabalhoso para
o professor? Sim, assentar-se junto aos grupos, avaliar a participação de cada
um, sentir as dificuldades na resolução do problema e dar nota diferenciada a cada
um dos cinco alunos que trabalharam juntos na prova e sempre monitorados pelo
professor e depois ler e corrigir o texto (inclusive erros de redação, com
descontos na nota final, pois erros gramaticais são imperdoáveis num relatório técnico
no mercado de trabalho), anotar as dificuldades, leva-las para o feedback em
sala. Com certeza, é extremamente trabalhoso, mas é o melhor caminho para se alcançar
o aprendizado de fato, ver e sentir a satisfação estampada em cada aluno.
Pois
bem, hoje não é dia do Professor e talvez esta crônica devesse ser publicada naquele
dia reservado às homenagens de praxe, mas, é final de ano, época de renovação
de matrículas em colégios e até mesmo troca de faculdade ou curso e, portanto,
boa hora para a reflexão nessas questões pedagógicas. O jornalista Jorge Duarte
que criou o lema “Terra dos Ipês e das Escolas” (in:
Nemeth-Torres- https://historiadelavras.blogspot.com/2011/08/por-que-lavras-e-terra-dos-ipes-e-das.html)
disse que em agosto florescem os ipês e embelezam a cidade, mas em novembro
florescem as Escolas, promovendo a formatura de seus jovens alunos e
matriculando outra leva. Portanto, agora, mais do que nunca, é hora de
refletirmos sobre a qualidade da Educação de nossos filhos. Educação é o nosso
grande legado para os filhos. Bons colégios e faculdades farão a diferença, mas
desde que tenham excelentes professores, qualificados e acima de tudo, que amem
a Educação. Tenho orgulho de meus mestres e da Terra das Escolas que sempre
esteve na vanguarda da Educação e até mesmo o Ministério da Educação, aqui em
Brasília sabe disso.
Brasília,
21 de novembro de 2021.
Paulo
das Lavras