Outro dia recebi uma mensagem sobre
os velhos amigos. Tinha exatamente o título acima, o qual agora uso. A história
contada, por autor desconhecido, tem um texto leve, mas de profundo conteúdo. Guardei-a
como lição. E hoje relembrei-me daquela história verdadeira, pois pelo menos
dois amigos têm passado por sérios problemas de saúde e um deles reclamou
exatamente isto: Onde estão meus amigos? Desapareceram justo no momento que
mais preciso. O outro amigo, certamente nos momentos de trégua das intensas
dores e sofrimentos físicos, tem postado frequentemente informes médicos sobre
sua delicada saúde. Em ambos os casos a mensagem subliminar é a mesma, a falta
que nos fazem a companhia dos amigos, sobretudo na hora da angústia. Aliás, os
Provérbios 17:17, dizem exatamente assim, como bem lembrou uma amiga: “... Em todo tempo ama o
amigo e na angústia se faz o irmão”.
Mas, veja que linda a lição que o jovem, da
história antes mencionada, recebeu de seu pai:
Um jovem recém-casado estava conversando
com seu pai sobre a vida, o casamento, as responsabilidades, as obrigações da
pessoa adulta e, então, o pai lhe disse:
- Nunca se esqueça de seus amigos!
Serão mais importantes à medida que você envelhecer. Independentemente do
quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre
precisará de amigos..
Lembre-se de ocasionalmente ir a
lugares com eles; faça coisas com eles; telefone para eles...
Que estranho conselho! (Pensou o
jovem). Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza, minha
esposa e a família que iniciaremos serão tudo de que necessito para dar sentido
à minha vida!
Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve
contato com seus amigos e anualmente aumentava o número de amigos. À medida que
os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava. À
medida que o tempo e a natureza realizam suas mudanças e seus mistérios sobre
um homem, amigos são baluartes de sua vida.
Passados 50 anos, eis o que aprendeu
o então jovem e recém casado que decidiu seguir os conselhos do velho pai:
O Tempo passa.
A vida acontece.
A distância separa..
As crianças crescem.
Os empregos vão e vêm.
O amor fica mais frouxo.
As pessoas não fazem o que deveriam
fazer.
O coração se rompe.
Os pais morrem.
Os colegas esquecem os favores.
As carreiras terminam.
Os filhos seguem a sua vida como você
tão bem ensinou.
Mas..., os verdadeiros amigos estão
lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.
Um amigo nunca está mais distante do
que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e
esperando você de braços abertos, e abençoando sua vida!
E quando a velhice chega, não existe
papo mais gostoso do que o dos velhos amigos... As histórias e recordações dos
tempos vividos juntos, das viagens, das férias, das noitadas, das paqueras...
Ah!!! tempo bom que não volta mais... Não volta, mas pode ser lembrado numa boa
conversa debaixo da sombra de uma árvore, deitado na rede de uma varanda
confortável ou à mesa de um restaurante, regada a um bom vinho, não com um
desconhecido, mas com os velhos amigos.
Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabíamos das incríveis
alegrias ou tristezas que estavam adiante, nem sabíamos o quanto precisaríamos
uns dos outros.
Maravilhosa lição de vida, relatada nesse conto.
Amigo é mesmo fruto de uma escolha pessoal, é a descoberta da alma irmã, um
tesouro incalculável, intangível, mas que pode ser sentido mesmo à distância e
ainda assim presente em nosso caminho, quer seja nas horas de dúvidas (ninguém
fecha um negócio ou toma qualquer decisão importante sem consultar os
amigos...) , nas horas de alegria e sobretudo na tristeza, no sofrimento. Há um
ditado e que diz que o mineiro é quieto, calado e muito mais solidário na hora
da tristeza, da dor. E é verdade, é ombro amigo, mão estendida, coração que
vibra com suas vitórias e sofre com suas dores. Basta, às vezes, a sua
presença. Amigo verdadeiro é assim mesmo, nem é preciso falar-lhe aquelas
bobagens que usamos quando estamos perto de desconhecidos ou recém apresentados,
em silêncios constrangedores e soltamos: “ ... será que chove, hoje? O tempo
está frio, calor...”. Não, o amigo é aquele que compreende o seu silêncio, suas
lágrimas, sua vontade (boba) de sumir. Não precisa e nem exige explicações. Está atento, pronto para ajudar.
Muito
já se falou e se escreveu sobre amigos e amizades e por isso não precisamos estender
a questão. Mas, os velhos amigos são como os vinhos, quanto mais o tempo passa melhores
ficam. Mesmo à distância, basta um telefonema, uma mensagem nas redes sociais,
ainda que sem fotos, o sorriso e a alegria sempre estarão presentes a nos
confortar. E para quem mora longe da
terra natal...., ah..., existe coisa melhor que visitar velhos amigos ou
simplesmente conversar pelas redes sociais, falar dos tempos de infância, do
colégio, da vida social? Foi assim, tem
sido, e é por isso que minhas crônicas (99%) só falam dos amigos que granjeei
ao longo da vida. São pedaços de nossa vida que se somam aos familiares que
estão ao nosso lado, sempre.
Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade,
torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos,
e abençoando sua vida, disse o autor desconhecido. Pura verdade! Um abraço.
Brasília, 24 de fevereiro de 2018
Paulo das Lavras
“E quando a velhice chega, não existe
papo mais gostoso do que o dos velhos amigos...”
E o relógio marcava exatamente meio
dia, hora de almoço. Que se atrase a refeição, mas como deixar de passar na
casa do “velho” professor dos tempos de menino de colégio, desde os 12 anos de
idade? Velho amigo que mais tarde tornou-se colega de magistério na
universidade.
Foram apenas trinta minutos de
conversa, mas a alegria para ambos durou muito mais tempo.
Valeu a pena vir de longe,
desembarcar em Confins, tomar um Uber até sua casa,
num bairro no alto das Mangabeiras.
Foto do autor, com o Prof. Nelson Werlang-
Belo Horizonte, 06/09/2017
Visitando o “velho” pai, então com 77 anos e que
viveu até os 101 (cento e um) anos. Alegria redobrada
Foto do autor - Fazenda Retiro dos Ipês – Lavras,
1983
Velhos amigos na praça da cidade natal- Lavras.
Claret Mattioli e Luiz Teixeira da Silva,
o
nonagenário “arquivo vivo” histórico, cultural e artístico da cidade. Reencontrar
os
velhos amigos é como renovar a alma
Foto: Catarina Julia – 2016
Amigos dos tempos de estudante no lançamento de
livro sobre JK.
Casa Rosada, em Lavras.
Com Ângelo Delphim, Paulo Roberto, Claret Mattioli
e Dorinha Guimarães.
Mais amigos na praça, com Rita Penoni, Juca
Mattioli e Cris Mattioli
Foto de Catarina Júlia- 2016
Com Renato Libeck, Antonio Ernesto e o jovem Salgado,
diretor técnico
da Cooperativa
Minas Sul, em Lavras
Foto: 2017 - Acervo de Renato Libeck
Um brinde à Dona Edna, nonagenária, mãe de três
professores de Agronomia, um da UFV e
dois da Ufla. Ainda tem disposição para assar
pernil, pão de queijo e outras guloseimas
no forno do
fogão à lenha e... saborear um bom tinto. E o saudoso bate-papo rolou, ali no
antigo
Casarão da Ponte, em Itumirm, até tarde da noite.
Velhos amigos são insubstituíveis, renovam nossa alma. Por isso precisamos
cultivá-los por toda a vida.
Foto: Chico do Vale – 2016
Velhos amigos de quatro anos inteiros de
convivência na faculdade. Festa de confraternização
dos 50 anos
de formatura. Setembro de 2017
Foto: arquivos de Gilnei de Souza Duarte
Visitando o velho amigo Ângelo de Moura Delphim.
Com Ericina, Dorinha e Maria José.
Foi pouco o tempo, de duas horas, para colocar as
reminiscências da juventude em dia.
Muito bom reencontrar velhos amigos, alma renovada
e a certeza de que fomos e somos felizes.
Foto: setembro de 2017. Acervo de Dorinha Guimarães