(crônica com 3.704 visualizações em 28/05/2023 - blogger)
Samuel Gammon, fundador do Instituto Gammon,
célula mater da Faculdade Gammon de Administração-FAGAM e da Universidade
Federal de Lavras- UFLA, atravessou o Rio Grande, de balsa, várias vezes. A
primeira foi em março de 1892, quando veio inspecionar a cidade de Lavras
para onde desejava transferir o Colégio Internacional de Campinas. A cidade
paulista estava sendo devastada pela febre amarela que ceifou muitas vidas entre
1889 e 1899, reduzindo sua população a apenas um terço. Chegou-se a registrar
até cinquenta mortes num único dia. Vinte mil ali morreram, atacados pela maldita
febre, incluindo dois dedicados companheiros do Reverendo Gammon, os
missionários Dabney e Edward Lane. Este, seu grande amigo e incentivador a vir
como missionário para o Brasil, quando ainda cursava o Union Theological
Seminary, de Farmville-VA. Dr Lane faleceu vitimado pela febre, em Campinas, no
dia 26 de março de 1892, e seu amigo Sam recebeu a noticia, via telegrama, no mesmo dia. Diante da
dor da perda do amigo que lhe incentivara a vir para o Brasil e também à Lavras, o Rev.
Gammon contemplando à sua frente a majestosa Serra da Bocaina que emoldura a
cidade, lembrando-lhe a não menos majestosa cordilheira dos Alleghenies, onde
passara a infância na fazenda cuidando dos animais desde cedo, tomou a célebre
decisão que iria mudar o destino e a sorte de Lavras para sempre: “Será aqui,
nesta cidade, a nova sede do Colégio Internacional, que deixará Campinas o mais
rápido possível”. Havia que se apressar a mudança do colégio, pois seria impossível mantê-lo sob ataque da devastadora peste
da febre amarela. Embora o acesso à cidade de Lavras não contasse ainda com a
ponte metálica sobre o Rio Grande e tampouco a ferrovia, a decisão do Rev.
Gammon se baseou nos planos da companhia ferroviária de estender os trilhos até
a cidade. Havia a balsa que fazia a travessia ligando-a ao distrito de Ribeirão
Vermelho como único meio de transporte até então. Mas ele sabia que Lavras se
tornaria importante centro regional e ali teve excelente acolhida pela
comunidade. Certamente essas características, aliadas à semelhança do espinhaço
da Bocaina com sua terra natal, em Rural Retreat, na Virgínia, foram fatores
preponderantes na escolha da nova sede do Colégio Internacional. Lavras
foi, sem dúvida, a “Terra Prometida” que ele sonhou aos pés das
montanhas Alleghenies, pois até mesmo a serra da Bocaina estava ali, imponente, a
lembrar-lhe os sonhos e ideais do jovem missionário.
Mas,
os rios sempre estão presentes no processo de exploração e ocupação de novos
territórios. Se por um lado são fontes de água e alimentos de pronto uso, com
seus pescados e caças nas matas ao seu redor, também representam obstáculos e
dificuldades na sua transposição pelas populações ribeirinhas. Não foi diferente
em Lavras com o Rio Grande, de largura de 100 metros ou mais em determinados trechos a partir de Ribeirão Vermelho. Esta cidade, que no passado foi distrito de Lavras, era o
centro regional de operações da Cia Estrada de Ferro Oeste de Minas - EFOM. Sua
estação ferroviária foi inaugurada em 14 de abril de 1888 e a grande ponte
metálica sobre o rio, em 1892. A ligação ferroviária à Lavras demorou um pouco mais, pois foi inaugurada em solenidade especial com a chegada do trem de ferro somente em 14 de abril de 1894. Foi
notável a importância daquela estação ferroviária do Porto Alegre, assim
conhecida a partir do ano de 1880, início da navegação do Rio Grande. Em 26 de
novembro de 1889 passou a ser chamada de Estação de Ribeirão Vermelho. Ali era
o ponto de entroncamento das bitolas estreita (0,76 m) e larga (1,00 m) da
ferrovia entre Barra Mansa-RJ e Catalão-GO. Acrescente-se ainda, à importância
da estação ferroviária, a existência do porto fluvial situado estrategicamente ao seu lado e
inaugurado em 1880, antes mesmo da ferrovia (1888). A navegação do Rio Grande
contava com o mais moderno tipo de embarcação, os barcos a vapor, iguais às do
rio Mississipi nos EUA, aliás, lá fabricados e importados pelos diretores da
Cia de Navegação, Francisco
Alves de Azevedo, José Jorge da Silva Penna e o Capitão Evaristo Alves de
Azevedo, avô do famoso escritor Rubem Alves e dono do mais belo sobrado que
ficava situado na praça central de Lavras.
Os
barcos a vapor percorriam uma rota de 208 km a partir de Ribeirão Vermelho,
chegando até o porto de Capetinga, próximo a Capitólio. Transportavam mercadorias,
viajantes e seus animais de carga que demandavam as duas cidades vizinhas,
separadas por nove quilômetros, Lavras e Ribeirão Vermelho. E como chegar a
Lavras, antes daquela grande ponte rodoferroviária de 1892? A travessia do rio
era feita por meio de barcas, ou balsas, presas por cabos de uma margem à
outra, tal qual ainda existia entre Lavras e Macaia até os anos 1980. O porto
fluvial com seus vapores, únicos até então no país e o entroncamento
ferroviário ligando os quatro cantos do país, foram motivos de atração para um
grande número de imigrantes de toda parte, inclusive de outros países, como
Portugal, Itália, Espanha e Líbano. Foram essas, algumas das razões que o
Reverendo Sam Gammon declarou em seu relatório, justificando a escolha de
Lavras para sediar o colégio. Naquele mês de março de 1892, ele e seu colega de
viagem, o Reverendo Chamberlain, atravessaram o caudaloso rio em uma barca
ancorada no antigo Porto Alegre. A mudança definitiva do Colégio de Campinas para
Lavras chegou em novembro de 1892. Da Estação de Ribeirão Vermelho, os
missionários rumaram a cavalo para Lavras e a mudança, composta de móveis,
livros e demais utensílios, além dos bens domésticos, seguiu em carros de boi
pelos 9 km de caminhos margeando o córrego conhecido por ribeirão vermelho.
Como
se pode depreender, o tráfego era intenso e a barca de travessia, ou balsa como
era conhecida, se constituía no único meio de transporte de cargas, viajantes e
seus animais daquela região. Mais sorte tiveram os habitantes da região do Funil
do Rio Grande, onde a ponte metálica, conhecida por Ponte do Funil, foi
construída pelos ingleses em 1869, bem antes daquela da ferrovia, em Ribeirão
Vermelho. Um pouco mais acima dessa ponte havia outra balsa que fazia a travessia
de Lavras para Macaia, onde foi inaugurada outra ponte de concreto já nos anos de 1980. As mercadorias e viajantes transitavam por entre as
regiões de ambos os lados do caudaloso rio que entrecorta as montanhas e delas
recebe seus córregos tributários. Por esses córregos se desenvolviam as
explorações do ouro de aluvião e quando se esgotaram essas fontes de riqueza surgiram as fazendas com suas atividades agropastoris. E muitos eram os pontos
de travessia. Abaixo de Ribeirão Vermelho, do lado direito do rio, um pouco
mais distante da margem estava o arraial de Bom Jesus dos Perdões que mantinha
intenso intercâmbio com as fazendas de Lavras, do outro lado do rio. O ponto de travessia daquela região, mais abaixo do antigo Porto Alegre, se
localizava nas proximidades da atual ponte da rodovia Fernão Dias, a BR 381.
Ali existia outra barca, semelhante à do Porto Alegre e que atendia, pela margem esquerda a
população de extensa região, abrangendo as fazendas Três Barras, Criminoso e adjacências,
especialmente a da Fábrica de Tecidos, a Cia de Fiação e Tecidos União Lavrense, conhecida por
Fábrica Velha. Pela margem direita atendia principalmente à fazenda Bela Vista, cujos proprietários, João de Pádua e filhos, residiam em Lavras. Essa zona rural de Lavras e Perdões foi a mais desenvolvida da região. A fábrica de tecidos, inaugurada em 1890, construiu o Porto
de Dr Jorge, na margem esquerda do rio, distando cerca de 12 km de Ribeirão Vermelho, onde se situava a ponte mais próxima. Portanto, era imprescindível que ali existisse um serviço de balsa para travessia do rio Os fazendeiros mantiveram o serviço de travessia na barca até a inauguração da grande
ponte da rodovia, em 1959. Interessante notar que todos os moradores
da região, das fazendas Três Barras, Rio Grande, Barro Preto, Cervo, Jacuba, Criminoso, Boa Vista,
Grotão, Fabrica Velha e adjacências, eram originários de Ribeirão Vermelho. Ali
se concentravam os descendentes das famílias Salles e Pádua, primos de primeiro
grau, descendentes de Antônio Pádua da Silva Leite (1769-1849), filho do patriarca Manoel da Costa Vale (1704-1783), que imigrou de Portugal para o Brasil em 1720 e chegou a Lavras em 1750 e ali se estabeleceu definitivamente. Sua imensa prole, originada dos dois irmãos Pádua e Salles, ocupou e povoou aquela extensa zona rural de Lavras, em ambas as margens do rio (12 x 06 km). Nesse território também tiveram lugar, nas fazendas Grotão e Três Barras, os Castro/Ramalho, Pereira da Silva e Gaspar de Abreu, todos descendentes de imigrantes portugueses também desceram o rio Grande e entrelaçaram suas famílias a partir do início do século 20. Deve-se lembrar que até inicio daquele século, tanto os municípios de Ribeirão Vermelho como de Perdões pertenciam à cidade de Lavras, mais antiga e desenvolvida.
Nessa
barca que, nos anos de 1930 a 1960, ficou conhecida por “Barca do Inácio” aconteceu
uma história muito interessante. O fazendeiro das Três Barras, Clóvis Pereira
da Silva, o Vico (1906-2007), casado com uma Salles, contava que seu irmão mais
velho, João Pereira da Silva (1898-1987), sogro de Júlio Salles (1914-1998), o
fundador do Supermercado Rex em Lavras, foi a Perdões visitar José Antônio
Salles, seu consogro, o pai de seu genro Júlio Salles. A viagem foi realizada
em seu vistoso burro de sela, de nome Diamante, castanho claro, de fina pelagem
e marcha trotada, ideal para longos percursos. Na volta, ao chegar à margem
direita do rio, avistou a barca ancorada do outro lado. Nela estava o Inácio,
tirando uma soneca em pleno meio dia de sol a pino. Nhô, esse era o apelido de
João, gritou, gritou, esgoelou e ficou rouco de tanto chamar pelo barqueiro
Inácio. Nada de atender aos chamados ao vivo. O sono estava profundo, embalado pelas suaves
marolas do caudaloso rio. Lá pelas tantas o barqueiro acordou e o Nhô pôs-se a
berrar novamente, gritando a plenos pulmões. Dessa vez Inácio ouviu, ou viu o
potencial passageiro, montado em seu vistoso animal de grande porte. Desamarrou a barcaça e
tocou para a outra margem para buscar o passageiro e sua montaria. Dinheiro à
vista..., mas, antes mesmo de atingir a margem, o já impaciente e irritado, Nhô,
chamou o barqueiro de dorminhoco e outros qualificativos em razão da demora de
quase duas horas de espera sob sol escaldante. Inácio não gostou. Bocejando e
depois de ter feito grande esforço para acertar a proa da barca e vencer os 100
metros de largura do rio de águas profundas e forte correnteza, revidou com
outros impropérios. Enfezado, atracou a barca, embicou-a na rampa de qualquer
jeito e o Nhô esporeou sua montaria, burro bem esperto que partiu trotando
rampa abaixo em direção à barca. Esta era protegida por cercas de taboas nas
laterais e porteirinhas nas extremidades, por onde entravam ou saíam os
passageiros e seus animais. Ora, o barqueiro Inácio, ainda meio sonolento, ao
entrar na barca esqueceu-se de trancar a porteira da extremidade. Era o que
faltava para a tragédia no momento do embarque. Ao esporear o animal, o burro
desembestou rampa abaixo, entrou a meio galope na barca. Nhô arregalou os
olhos, soltou outro impropério contra o barqueiro, também assustado ao ver o
iminente desastre. Não deu tempo para mais nada e lá se foi o burro com seu
cavaleiro passando direto pela porteirinha aberta e.... tchibum... nas
profundezas do rio. Inácio, paralisado pelo torpor ainda gritou:
“ Nossa Senhora dos
Navegantes... Socorro! Salva esse homem turrão e seu burrão, não deixe eles
morrerem, não, pelo amor de Deus”.
Inácio,
o velho e conhecido barqueiro, devoto de N.S. dos Navegantes, como manda a tradição
portuguesa, assim contava a meu pai, o Vico, seu velho freguês naquelas
travessias, que só se lembrava que a última coisa que viu, quando o Nhô e seu
burro foram tragados pelas águas turvas do rio, foi o chapéu de palha que logo ficou boiando e levado pela correnteza. De repente, alguns metros mais adiante,
apareceu a cabeça do burro e, em fração de segundos, a careca do Nhô, golfando
água e se equilibrando nos arreios. Os dois sacos de compras especiais,
ajojados na garupa do burro, por cima da albardana (sim, “ajojados”, assim dizia meu pai.
Abardana era uma espécie de mochila de lona, com várias presilhas de couro
afiveladas na parte traseira do arreio, ficando sobre a garupa do cavalo.
Servia para guardar a pesada e impermeável capa de chuva da marca Ideal), se desprenderam
do arreio, boiavam na correnteza, tingindo a água de branco. Tragédia..., mas,
Nhô atracou-se no pescoço do animal e sequer caiu do cavalo, ou melhor do burro, que se revelou exímio nadador e
conseguiu chegar à outra margem, ainda que quase um quilômetro rio abaixo, por
causa da correnteza. Inácio esqueceu-se logo da tragédia, soltou as amarras da
barca e tocou para o outro lado. Chegaram juntos, o barqueiro e o pretenso
passageiro que caíra na água e se salvara. Porém, o mais surpreendente, acredite se quiser,
foi que Inácio, o barqueiro, cobrou o frete de Nhô, um mil reis, alegando que
fizera a viagem solicitada aos gritos pelo passageiro. Nhô esbravejou,
respondeu que não pagaria, pois atravessou o rio a nado com seu valente burro,
por culpa do barqueiro que deixara a porteira aberta e mais, que ele, Inácio,
lhe pagasse os 20 quilos de farinha de trigo e de polvilho que a sua mãe
encomendara e foram perdidos na correnteza do rio. Meu pai, o Vico, não soube
explicar quem pagou a quem. Muito provavelmente ninguém pagou a ninguém. O
certo é que o tio Nhô jurou nunca mais passar naquela barca e só voltou a
Perdões muitos anos depois, em 1959, a bordo de lustroso e reluzente caminhãozinho
Chevrolet-51, de seu genro, Júlio Salles. Mas, dessa vez, passou por sobre a
nova ponte do Rio Grande, da recém-concluída rodovia Fernão Dias.
Contava meu
pai, o Vico, irmão da vítima, que ao passar pela ponte, depois de longo tempo evitar o caminho por conta do acontecido, maravilhou-se com a beleza e a
grande extensão da ponte e a vista, longa, das curvas do rio. Olhou para
esquerda, onde ainda se encontrava a barca do Inácio e disse: “Ôh, Júlio.., hoje eu nem vou comprar
farinha de trigo e “porvio” (polvilho...,
era assim que se falava na roça) em Perdões.....
Mas, se comprasse eu as jogaria, daqui de cima da ponte, bem na cabeça do
desaforado Inácio...”. Soltou uma sonora gargalhada e assim se reconciliou
com o passado de dez anos atrás, quando o barqueiro descuidado e desaforado,
deixou-o cair nas águas profundas do rio e, para piorar ainda mais, quis cobrar-lhe o frete. Adeus
burrico, adeus barca, viva a modernidade do caminhão do genro na enorme ponte
de concreto, lisinha, bonita e com belíssima vista do rio e suas curvas. Júlio
Salles teve um incontrolável acesso de riso, pois nunca ouvira de seu sogro uma
única palavra sobre o desastre que virara piada em toda a região e muito menos a suposta "vingança" de jogar um saco de "porvio" na cabeça do barqueiro. O acesso de
riso foi tanto que o fez parar o caminhão em plena ponte, quase deserta. Deitou
e rolou de tanto gargalhar da inusitada história que tinha tudo para ser
trágica. Não foi, mas guardava resquícios dez anos depois. Virou-se para o Nhô, que também achava graça, e disse: “Graças a Deus que o senhor se salvou. Mas,
desculpe-me, meu sogro, o senhor, deu mesmo com os burros n´água...”. Burros?
Sim a sua montaria, o burrão Diamante que o salvou e o outro..., o insensato
que conduzia a barca.... Ficamos sem saber o que aconteceu em seguida, pois
nunca ninguém teve coragem de perguntar ao primo Júlio Salles qual foi a reação
do tio Nhô, seu sogro. A única certeza é que, antes, ambos riram muito, mas,
também nem se comprou “porvio” naquele dia, lá pelas bandas de Perdões. Só sei
que, hoje, passados muitos anos, um dos filhos de Júlio
Salles, contou-me que o próprio pai também gostava de contar e gargalhar da história. Mas também não contou
aos filhos sobre a possível reação diante da piada “dos burros n´água”.
Certamente não gostou, pois ninguém da família jamais ousou perguntar ao Nhô
como foi que ele “deu com os burros n´água...” .
Brasília,
30 de abril de 2016
Paulo
das Lavras
O
imponente Rio Grande e a cidade de Ribeirão Vermelho. Atravessá-lo, antes
da existência da ponte ferroviária, era um desfio só vencido pelas barcas, presas por cabos
ligando
as duas margens. A ponte foi inaugurada em fins de 1892.
Foto
do arquivo de Renato Libeck
A
majestosa serra da Bocaina que emoldura a cidade de Lavras, fez o Reverendo
Samuel
Rhea Gammon relembrar sua terra natal, aos pés das montanhas Alleghenies,
na
Virgínia- EUA. Foto de Catarina Júlia
O
missionário Samuel Gammon(3º da esquerda para a direita, primeira fila) e seus
companheiros
em Lavras, com John Wheelock, Benjamim Harris Hunnicutt,
Bernard Bartels e outros. Foto de 1929. Arquivos de Renato Libeck
Passageira
no porto de Ribeirão Vermelho aguardando embarque no Vapor Dr. Jorge. Meu
pai,
Clovis Pereira da Silva, o contador de “causos”, viajava nesse grande barco de
passageiros
quando
ia visitar os parentes em Ribeirão Vermelho.
Foto do arquivo de Renato Libeck
Vapor
Dr. Jorge ancorado no porto fluvial de Ribeirão Vermelho. A elegância dos
passageiros
se destaca. O barco gastava um dia e meio para descer os 208 km até o porto de
Capetinga.
Fazia escala no distrito da Fábrica de Tecidos – Fábrica Velha, no porto também
chamado de Dr Jorge. Na subida do rio gastava
três dias e meio de viagem.
O
sobrado do Capitão Evaristo Alves, um dos diretores e proprietário
da Companhia de Navegação do Rio Grande
A
ponte do Funil, importante travessia do Rio Grande, inaugurada
em
1869. Foto de Anízio Rezende
A
velha balsa de Macaia/Ijaci, antigos distritos de Lavras, Funcionou
até os anos 80, a poucos quilômetros acima da ponte do Funil.
Foto dos arquivos de Renato Libeck
A
Fábrica de Tecidos União Lavrense, inaugurada em 1890. A seu lado
funcionava o porto Dr Jorge, situado 12 km
abaixo de Ribeirão Vermelho.
Foto:
Arquivos de Renato Libeck
Um
caminhão Chevrolet 51 sobre a recém inaugurada ponte do Rio
Grande,
na BR 381. Ano de 1959. Na foto, Toniquinho de Pádua e
família. Sua fazenda fazia duvisas com os demais herdeiros dos irmãos Joao e Antonio de Pádua. O porto e a barca do Inácio, ficavam nas fazendas Bela Vista e Rio Grande, logo abaixo da nova
e bonita ponte. Foto: Arquivos de Renato Libeck
A
BR 381 foi inaugurada em janeiro de 1959. Não havia quase nenhum
trânsito
de automóveis. Havia um fotógrafo de plantão que explorava o
ponto
de atração turística, a grande ponte sobre o Rio Grande. Na foto,
meu
avô Anizio Alves de Abreu e filhas. Foto de fevereiro de 1959.
Clovis
Pereira da Silva, lúcido até os 101 anos de vida. Na foto em entrevista
concedida ao Ministério da Aeronáutica, comemorando seu centenário em 2006,
juntamente com a invenção do avião, em feliz coincidência que lhe granjeou a
homenagem da FAB.
Ele gargalhava ao relembrar o caso de seu
irmão, João Pereira da Silva, o tio Nhô, que deu com os burros n´água. E ainda
dizia: “sorte de meu irmão, porque se estivesse montado num cavalo, e não em
um burro forte e esperto, ambos teriam se afogado no caudaloso e profundo Rio
Grande, pois um cavalo não teria força suficiente para atravessar a nado o largo
rio com o cavaleiro montado e agarrado em seu pescoço...”
Um
belo burrão bem arreado, exibido na internet, tal qual do tio Nhô
Sorte
dele, pois fosse um cavalo teria se afogado ao cair no caudaloso
e profundo rio, contava seu irmão
Não
é fácil se manter montado, quando o cavalo está submerso
e se debatendo para se manter à tona. Já
experimentei, na lagoa
da
fazenda Jacuba, de meu pai, à margem esquerda do Rio Grande,
a
quatro quilômetros de Ribeirão Vermelho
Julio
Salles, genro da vítima “dos burros n´água”. Nascido em Ribeirão Vermelho,
na Fazenda do Meio, casou-se nas Três Barras/Lavras e nessa cidade
fundou , no ano de 1970, a rede de Supermercados Rex
Até os anos 60, Júlio
Salles morava na fazenda Três Barras,
ao lado de seu sogro.
Sua casa e o Armazém ao lado
Não havia quem não
parasse na nova ponte para uma foto.
Verdadeira atração,
que nem o próprio Nhô resistiu. Nessa foto,
seu genro Júlio
Salles, esposa e o filho Carlinho, voltando de
uma pescaria no
reluzente caminhãozinho Chevrolet 51, o mesmo que levou
seu sogro para um
passeio. Dali do alto avistou a barca do Inácio...rsrs
Tempos
difíceis para as populações ribeirinhas quando São Pedro
decidia
despejar muita água. A ponte metálica foi levada na década de 1990
e logo em seguida reconstruída. Não encontrei
registros sobre
o
que acontecia, quando das enchentes nos tempos das barcas de
travessia do rio.