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Brevemente
publicaremos um livro contando a história da família Salles, de Lavras. Há mais
de uma centena de colaboradores espalhados pelo país e até em Portugal,
reunidos em um site especialmente criado para esse fim. Muito se tem escrito
sobre os Salles e a região onde viveram. O Arquivo Público Mineiro tem sido a
principal fonte dessas informações, além de pesquisas diretas e publicações de
historiadores como Firmino Costa, Ary Florenzano, Bi Moreira, Hugo de Oliveira
e mais recentemente Geovani Nemeth Torres e Renato Libeck dos mais atuantes pesquisadores da
história da região e ainda o ribeirense Marcio Salviano Vilela. Todos os autores
destacam as figuras públicas mais conhecidas como Firmino Salles, Francisco Salles
que foi senador e governador de Minas Gerais, e ainda Saturnino de Pádua, Costa
Pereira e até mesmo o próprio Firmino Costa, os quais têm ascendência direta a Antônio
de Pádua da Silva Leite (1769-1849), o avô dos Salles, dos Pádua, Costa e Costa
Pereira. Mas, hoje vamos falar de uma história mais amena e recente, ocorrida a
55 anos atrás, envolvendo familiares da 6ª geração do patriarca português,
Manoel da Costa Valle. Este, o patriarca, chegou à região durante a febre do
ouro. Estabeleceu-se no recém-criado Arraial de Sant´Anna das Lavras do Funil,
bem ali do outro lado da margem do rio, na cidade pérola do Rio Grande, Ribeirão
Vermelho, distrito da freguesia de Lavras. Foi bem ali que um bisneto de Manoel
da Costa Valle, Domingos Pereira de Salles (1851- 1929), viveu toda a sua vida, na Fazenda do Meio.
Domingos
Pereira Salles foi o genitor de um grande número de descendentes que se
espalham por Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rondônia e outros
estados, além de Portugal a terra-mãe de toda essa geração. Mas, antes de falar
de Domingos Salles, nosso bisavô e sua geração, é importante lembrar que o
grande patriarca, imigrante português, Manoel da Costa Valle, nascido há 300
anos, chegou a Lavras em 1750. Teve como filho Antônio Pádua Silva Leite,
nascido em 1769 (o
sobrenome Pádua, foi uma homenagem expressa do pai ao santo nascido português e
falecido em Pádua, na Itália. Era comum naquela época as pessoas incorporarem
apelidos e nomes de santos ao seu próprio nome.). Na
segunda geração nasceu Fortunato Antônio Salles - 1813/1877 (aí está a origem do nome Salles,
os pais quiseram homenagear outro santo: São Francisco de Salles), que teve
como filho, Domingos Pereira de Salles (1851-1929), constituindo
assim a terceira geração de Manoel da Costa Valle. Na quarta descendência vem,
entre os nove filhos, nossa avó, Lucinda Augusta de Salles (1896/1963), casada
com Anísio Alves de Abreu (1895/1977).
Domingos
Pereira de Salles casou-se em 06 de junho de 1874 com Lucinda Maria de Jesus
(1854/1922) e foram morar na Fazenda do
Meio, de sua propriedade, à margem direita do Rio Grande, um pouco abaixo da
cidade de Ribeirão Vermelho. Além da exploração agrícola e pecuária, Domingos
Salles era marceneiro de mão cheia e até trabalhou para a Rede Ferroviária na
fabricação de vagões. Anízio, o bisneto espevitado, herdou de nossa vó um
martelinho, ferramenta que o pai, Domingos Salles usava na profissão de
marceneiro. Nosso avô, Anísio Alves de Abreu, contou-lhe, ainda em vida, que
amarrava o cavalo na casa de um amigo à margem esquerda do rio, depois de ter
cavalgado mais de sete quilômetros, por entre serras e riachos, pegava um
pequeno bote à remo e atravessava os mais de 100 metros de largura do profundo
e veloz Rio Grande para namorar a donzela de apenas 17 anos com quem se casou,
Lucinda Augusta Salles, a filha de Domingos, bem ali, do outro lado da margem,
na Fazenda do Meio. Namorado apaixonado, corajoso enfrentava as fortes
correntezas do rio numa época que não havia coletes salva-vidas. O futuro
sogro, Domingos, era pessoa de semblante sério, postura respeitosa, com longas
barbas, olhos verdes que inspiravam mais ternura que austeridade, disse uma
neta, ainda viva e que hoje mora no Paraná.
A
Fazenda do Meio, onde vivia a família Salles, contava com um porto próprio, e
uma casa de morada, assoalhada, coberta de telhas, forrada, terreiro de café,
moinho, monjolo, paiol coberto de telhas e água que movia o moinho, contando
com mais de 80 alqueires de terras em cultura, pastos e cafezal, compreendendo
um bananal à beira do Rio Grande. Tudo isso sobre a fazenda foi descrito em
detalhes pelo historiador ribeirense, Marcio Salviano (VILELA. Marcio Salviano. MINHA ALDEIA
– A Pérola do Rio Grande. INDI Gráfica e Editora. Lavras, 2014). Recentemente
familiares visitaram a fazenda, que hoje não mais pertence aos
descendentes da família Salles, e ficaram encantados com o lugar com suas
antigas casas e benfeitorias mantidas intactas, além das construções mais modernas
que abrigam uma pousada.
A “Pérola do Rio Grande” recebeu, em
19/02/2016, a visita de dois bisnetos, Anízio, meu irmão, garoto espevitado e o
primo Ademir. Foram conhecer a casa onde viveram os bisavós que eles próprios
não conheceram. Na mesma casa moraram nossos respectivos avós, com os quais
convivemos até os anos de 1960/70. Um
dia só foi tempo curto demais, mas ainda assim foi possível levantar, em
cartório e na igreja, as certidões de nascimento, casamento e óbito dos
ancestrais. Uma rápida visita ao túmulo dos bisavós, Domingos Pereira de Salles
e Lucinda Maria de Jesus, oitenta oito anos depois da morte do primeiro. Foi um
momento de muita emoção e reflexão sobre os valores da vida e sobretudo à
memória daqueles ancestrais aos quais tanto devemos. Era visível a expressão de emoção do bisneto
Anízio ao ler os dizeres da lápide, com o nome e data de nascimento e
falecimento da bisavó que não conhecera. Mas, nem assim deixava de merecer
todas as honras de matriarca que, juntamente com seu marido que também ali
jazia a seu lado. Ambos constituíram um lar digno, com produção própria na
grande fazenda às margens do rio e deram início essa imensa família Salles que
hoje povoa a região de Lavras e tantos outros municípios brasileiros e até em
Portugal. A visita à fazenda ficou para outo dia, pois as pesquisas na sede do
município se estenderam propiciando até mesmo um agradável encontro com o
historiador Salviano que recebeu a ambos em sua casa e autografou seu último
livro, já citado acima e que acabo de receber.
Mas, vamos aos casos vividos
pelo bisneto espevitado. Retornando a Lavras, após a visita a Ribeirão
Vermelho, encontrou-se com um primo, residente em Barra Mansa-RJ, que lhe
apresentara uma foto bem antiga, de 1961. Bingo... era a Fazenda Barreiro, vizinha
à do Meio e onde moraram duas das filhas de Domingos Pereira Salles, nossas tias-avós,
Claudina Augusta Salles (Tia Dina) e Altina Augusta Salles. Anízio, era
frequentador assíduo daquela casa e bateu-lhe uma doce recordação que o fez,
ali mesmo na rua, correr a uma loja de serviços de digitalização eletrônica e
copiar a tal foto que tantas recordações lhe traziam. Primeiramente, é preciso
lembrar que ela, a tia Claudina, casada com José Eugênio Pereira, foi pessoa muito
bondosa, de grande e caridoso coração e ainda acolheu sua irmã, Altina Augusta de Salles, solteira, que tinha um
problema de saúde. Claudina foi casada com José Eugenio Pereira e teve dez
filhos e grande número de netos, muitos dos quais são, hoje, profissionais da pesquisa
e ensino agrícola por todo o país.
Anízio
olhou bem aquela foto antiga e um filme rodou em sua memória. Nosso
entrevistado conta que saía a cavalo da fazenda onde morava com nosso pai,
Clovis Pereira da Silva (marido de Maria Alves de Abreu, sobrinha de Claudina),
situada no Sítio Retiro dos Ipês, ali nas Três Barras, exatamente onde se concentrava
a maioria dos Salles, Abreu, Pádua e Villas Boas, famílias entrelaçadas. Cavalgava
uns 6 km até alcançar a ponte sobre o Rio Grande, na BR 381 (Fernão Dias). A
uns 3 km acima, depois do posto Graal, ou mais precisamente no antigo Posto e
Restaurante Cacho de Ouro, pegava a estradinha de terra à direita. Dois ou três
km adiante alcançava a casa da tia Claudina. A mesma casa da foto que o primo
de Barra Mansa lhe mostrara. A data da foto, 1961, coincide com a época que ele a frequentava. Sentiu
até o cheirinho gostoso do café com biscoitos e bolachas que a tia Dina lhe
oferecia. Ao chegar em casa, dona Neusa, sua esposa estava esperando-o para o
café da tarde. Com a foto na mão e como a sonhar, tomou aquele café com as
queridas tias Dina e Altina que estavam bem presentes em sua memória. Doce recordação, 55 anos
atrás, e parecia ainda presente. A alma não mente... nossos entes queridos não
morrem nunca, pois vivem eternamente em nossos corações.
O menino contava apenas 13 ou 14 anos e já era negociante de gado de corte, pois foi
“expulso” do colégio, onde revidou a um violento tapa que lhe desferira o padre
diretor, um alemão de porte avantajado, com proeminente barriga que sobressaía
sob a batina preta. O aluno-espevitado revidou com um certeiro e forte murro naquela
enorme barriga do padre e saiu voando como um mosquito ligeiro pela janela da
sala. Mas o moleque era atrevido demais e
mereceu levar o tapa nas orelhas. Só não sei dizer se foi o famoso “telefone”,
como aqueles tapas violentos aplicados pela policia de antigamente quando
queria arrancar uma confissão do malandro. Embora fosse padre, ele não queria,
como faz a polícia, uma confissão, queria mesmo dar uma lição naquele irrequieto
e atrevido estudante que ali estava de castigo. Havia sido expulso da sala de
aula e por isso estava ali, isolado, numa pequena sala onde se guardavam os
instrumentos da fanfarra. E eram muitos os instrumentos. Podia escolher o que
quisesse tocar. Mas, o menino não era bobo, resolveu zoar e escolheu o mais
estridente dos instrumentos que só eram utilizados nos desfiles de 7 de
Setembro. O danado literalmente colocara a boca no trombone, ou melhor, numa
corneta ou clarim, soltando um milhão de decibéis, estrondando, pela janela que
dava para o pátio do colégio, os ouvidos de professores e centenas de alunos em
salas de aula. Parecia um soldado arregimentando a tropa em combate, ou talvez,
saudando a chegada do Comandante do Batalhão, tal qual ele estava acostumado a
ouvir, todas as manhãs, de nossa casa situada um quilômetro antes do Quartel do
8º batalhão de Infantaria, hoje BPM, de Lavras. O colégio parou..., o que seria
aquilo? O bispo ou o papa estariam chegando, ou o ET de Varginha que iria
aparecer pela primeira vez em Lavras? Era muita pompa para aquela época sem
festas e com acordes perfeitos de toques conhecidos nas paradas militares. Os
professores iriam interromper as aulas? Festa à vista em pleno mês de maio?
Todos correram às janelas e portas das salas de aula, inclusive este menino das
Lavras. Mas a festa, ou melhor, os acordes estridentes do clarim, executados
até com maestria, cheios de volteios, altos e baixos, duraram apenas um minuto ou
pouco mais, tempo suficiente para o padre alemão atravessar correndo o pátio...
E ainda pensamos que ele estava a buscar o suposto ilustre visitante à entrada
do grande portão do colégio. Não era..., vimos quando ele entrou na salinha,
situada no pavimento térreo do enorme auditório, a poucos metros de minha sala
de aula. Esbaforido, bateu a porta com força e em poucos segundos escutamos os
gritos e vimos um moleque voar pela janela, caiu no pátio, um pouco de mau
jeito. Seu estupor era visível, olhos arregalados, parecia ter visto o diabo ou
a terrível mula sem cabeça, aquela que solta fogo pelas ventas e que os adultos
diziam existir, sempre à noite, nas matinhas à beira da casa da fazenda (pura crueldade, só para manter
as crianças dentro de casa e dormir cedo). Refez-se, levantou-se
e em desabalada carreira, ainda deu uma gargalhada em frente a minha sala de
aula, como a dizer: venci..., nocauteei o “Golias”, Fugiu, para sempre...
Nunca
mais pôde voltar ao colégio, nem mesmo foi à minha formatura, dois anos depois
e que naquela época era toda cheia de cerimonia e pompa. Ainda me lembro do
padre alemão me perguntando naquele pomposo dia de formatura: ... e seu irrrrrmãohhhh, criou juízo? Ele não está
aqui, está?... Meu Deus..., o padre deve ter apanhado e sido muito humilhado,
pois ainda não esqueceu e nem perdoou o garoto atrevido que lhe deu um baita
murro jogando-o de costas ao chão... Se o padre não se esqueceu e ainda me
espicaçou, imagine o que sofri durante os dois ou três anos que me restaram no
colégio, enquanto ele, o protagonista de toda essa confusão estava exilado na
fazenda do pai. Perdi a identidade, ganhei outra, “o irmão do doido que surrou
o padre diretor”. Mas, voltando ao fatídico episódio, do alto de meus quinze ou
dezesseis anos de menino estudioso, aplicado, que disputava os primeiros
lugares da turma, gelei quando vi e reconheci a cara do menino que voou da
janela, era ninguém menos que meu irmão, Anízio. Lá vem encrenca, pensei!
Acertei!
O padre, contava-me o pivô do imbróglio, logo
chegou esbaforido, soltando os diabos pelas ventas, abriu a porta com violência
e avançou sobre o atrevido e incorrigível menino. E tomem bofetadas nas duas
caixas auriculares do danado. Mas, o enunciado da Lei de Newton, aquele que diz
que “a toda ação corresponde igual reação, porém em sentido contrário....”,
funcionou... e o padre foi abaixo, pois ao levar o murro na bojuda pança, foi
jogado para trás e levou uma rasteira de uma caixa de instrumentos musicais que
se encontrava no chão. Desequilibrou-se e ali se estatelou, ficou sem fala e estirado,
apenas gemendo. O menino, apavorado, pensando que havia acabado com o padre, pulou
por cima dele e ganhou a janela, pois a porta havia sido trancada e as chaves
estavam no bolso da batina, a qual esvoaçou por sobre o rosto do enorme padre
alemão ali, caído de costas no chão de cimento, mais parecendo um defunto com a
cara coberta. O menino apavorado, adrenalina a mil, voou como um mosquito ligeiro
para a janela e caiu “voando” no pátio. Pernas para que as quero. Escafedeu! E
eu ali, na porta da sala de aula e todos a gritar: é seu irmão, é seu irmão e
kkkkkkk... , gargalhadas sem fim. Silêncio, gritou o professor, todos para
dentro, já. Não me lembro se naquele dia a aula continuou, pelo menos para
mim, não. Enquanto isso o padre diretor se recompôs do nocaute técnico
inesperado, dirigiu-se à secretaria, tomou um copo d’água gelada e ordenou a um
bedel que chamasse o “irrrrmãohhh do agrrrrhhhessorhhhh” (sotaque alemão, carregado que
os contemporâneos Zé Planche, Itamar, Salvador, Dirceu e Edson Serra Negra,
sabiam imitar muito bem). Lá fui eu, morrendo de medo e nem sabia
ainda da surra que o padre havia levado.... Para encurtar a prosa, o Anizinho,
meu querido irmãozinho, de olhos azuis, admirado pelas tias Salles, foi “convidado”
a nunca mais aparecer no colégio. E eu ainda servi de moleque de recado para
levar a convocação a meu pai, para comparecer ao colégio e ouvir a ladainha. O
jeito foi afastar o Anizinho da cidade, tamanha a repercussão. Por uns tempos
abrigou-se lá na fazenda de nosso pai e ali, tornou-se negociante de bois de
corte, invernando-os em outra propriedade da família, a Jacuba, às margens do
Rio Grande, quase em frente à Fazenda do Meio, dos Salles, que ficava do outro
lado do rio.
Pois
bem, um de seus sócios, Hercílio de tal, que não era nosso parente, morava a um
quilômetro da casa de tia Dina, daí a razão de fazer da casa dela, seu
“escritório” de negócios da pecuária de corte. Ali comprou um belo potro, da
raça manga-larga marchador, de nome Mimoso e as pastagens dos arredores da casa
da tia serviram de local de recria para o seu recém-adquirido cavalo, até que
atingisse a idade de ser adestrado para a sela. Foi então que se tornou o queridinho
das bondosas e caridosas tias que o acolhiam com alegria e muita comida...
saudoso, e com a foto antiga à mão, voltou ao local, mas não encontrou mais a
casa onde viveram as tias. Não se fez de rogado, contemplou a paisagem serrana,
a mesma de meio século atrás e partiu em visita aos sobrinhos daquelas duas
tias. Com eles matou a saudade, contando e ouvindo casos dos nonagenários e
igualmente queridos primos. Melhor ainda, o cafezinho com quitandas foi servido
do mesmo jeito que as tias o recebiam naquela velha casa, cuja foto exibia a
todos e a todo instante.
Não sei dizer se o Anizinho, que usava
brilhantina glostora no cabelo, arranjou alguma namorada por lá, pelas bandas
de Perdões e Ribeirão Vermelho, cujas distâncias eram equivalentes. Isso ele
não contou, pois, quando concedeu a entrevista estava ao lado de sua esposa , a
dona Neusa, companheira há 47 anos e pela qual nutre grande respeito. Mas
desconfio que depois de umas duas doses de vinho em suas próximas visitas a
Brasília..., algum coelho sairá desse mato. Gosto de ouvir essas histórias e
como um cronista, eu não invento, apenas aumento um pouquinho para apimentar os
causos. Apenas me lembro que algum tempo depois ele andou me convidando para ir
a Red River City para conhecer umas lindas morenas de ascendência sírio-libanesa.
Mas. Essa é outra história ainda a ser contada.
Mas,
voltando à tia Dina, Anízio contou que era a pessoa mais doce desse mundo. Os almoços eram verdadeiros banquetes para o
“menino” de olhos azuis e cabelo abrilhantinado, filho da querida sobrinha
Liquinha (esse era o
apelido de nossa mãe) e neto de sua irmã Lucinda Augusta
Salles, bisneto do patriarca Domingos Pereira Salles (1851- 1929). Faltou
alguém dizer a ela que ele era o mais “custoso” dos meninos de toda a família
Salles, pois até “bateu” em padre, de batina e tudo, diretor de colégio e
celebrante de missas, que distribuía a comunhão para nossos pais e todos da
cidade..., um sacrilégio à época. Mas, se à época foi repreendido e penalizado
duramente, hoje certamente seria absolvido por “ato de legítima defesa”...
Menino custoso era o eufemismo que os antigos usavam, em Lavras, para
caracterizar os meninos incontroláveis, espevitados. E bota custoso nisso...
até eu tinha medo de suas estripulias.
Brasília,
23 de fevereiro de 2016
Paulo
das Lavras
Foto
- arquivos
de Anízio P. Silva
Foto
- Google
Foto
- arquivos
de Renato Libeck
Foto
do
autor 2016
Foto
do
autor 2016
Domingos Pereira
de Sales e Lucinda Maria de Jesus, casaram-se em 06/07/1874
Foto
- arquivos
de Dilma de Abreu
Ferramenta de
Domingos Salles, marceneiro de mão cheia. Fabricava vagões de
madeira para a Rede Ferrovaria. Herdei de
minha mãe,uma cama estilo marquesa,
lindamente trabalhada em madeira imbuia, feita
por ele.
Foto: Anizio Pereira
da Silva
A cama Marquesa,
lindamente trabalhada em madeira imbuia, com detalhes de marcheteria.
Foto do autor- Fazenda
Sítio Retiro dos Ipês- Lavras/MG
Entalhe de
marcheteria na cabeceira da cama marquesa
Foto do autor- fazenda
Sítio Retiro dos Ipês – Lavras/MG
Dá para não dizer que essa carinha de sapeca, com
1 ano de idade, se tornaria o “menino custoso”, artioso ao extremo?....
Foto - arquivos da familia Salles/Abreu/ Pereira
Ainda hoje, mais
de 65 anos depois (de pé, na foto), Anízio ainda conserva
a cara
descontraída, do mesmo jeito.
Foto do autor- 2016
Alegria e
descontração no café com o sobrinho nonagenário das tias Dina e Altina
Foto do autor- 2016
Lucinda Augusta
Salles e Anísio Alves de Abreu,
Bodas de ouro do
casamento, em 10/10/1964
Foto - família Salles/Abreu
Antiga casa das
tias Dina e Altina, foto que despertou a saudade no coração do menino custoso
Foto
- arquivos
de Anízio P. Silva
Tia Altina, não
se casou e foi morar na casa da irmã Dina
Mapa da região
da Família Salles, Fazendas do Meio e Barreiros, um pouco acima
da grande ponte sobre o Rio Grande, BR 381, em
baixo, à esquerda
Ano de1959.
Havia um fotógrafo de plantão. Não havia movimento algum de veículos, pois a
ponte havia sido recém-inaugurada por JK. Podia-se estacionar, montar o tripé e
fazer as fotos, tranquilamente, naquela atração turística. Até os cavaleiros
posavam para fotos. Nesta, pelo lado de Perdões, meu avô Anísio Alves de Abreu
e as filhas Irene, com bebê no colo, Américo e Eumar Abreu . O carro é o
luxuoso Ford Mercury Monterrey, cor vinho, vendido posteriormente a um taxista de
Lavras. Passeei muito nesse automóvel e também deixei marcas do acendedor de
cigarros no banco de couro bege... Não era só o espevitado Anizinho que fazia “artes”...
Foto
- arquivos
da família Salles/Abreu
A mesma ponte de
quase 400 metros de comprimento. Vista pelo lado de Lavras.
Foto de 1959, caminhão
e a família de Toniquinho de Pádua, primos dos Salles.
A antiga casa da
Fazenda do Meio, ao fundo. Ali viveu Domingos Salles
e toda a
família. Um dos filhos a conservou até os anos de 1990.
Atualmente funciona
ali uma pousada. As instalações antigas foram preservadas.
Bica d’água na
Fazenda do Meio, preservada com antigo tanque para peixes pescados no rio
Foto
do
autor 2016
A nova varanda
com vista para o Rio Grande, caudaloso, mas nem assim intimidava o garoto
Anísio Abreu que o atravessava, à remo, para namorar a donzela de apenas 17
anos, Lucinda Augusta Salles, com quem se casou em 1914
Padre Erico
Alher, o diretor de sotaque alemão, duro na disciplina do Colégio
Foto - arquivos de
Renato Libeck